Publicado originalmente no site Caderno Mercado, em 30 de abril de 2019
Streaming faz TV por assinatura se reinventar
O streaming é o presente e o futuro do consumo de conteúdo
em vídeo. Essa realidade é algo com que as empresas de televisão por assinatura
ao redor do mundo estão tendo dificuldade de lutar, mas isso não significa que
elas desistiram por completo. E isso fica evidente pelos decodificadores que
essas empresas oferecem.
Aos poucos, os decodificadores, que antigamente só serviam
para dificultar o famigerado “gato”, vão ganhando mais e mais recursos. No
Brasil, por exemplo, estes dispositivos já estão chegando às mãos dos usuários
com suporte a Netflix, integrando um serviço concorrente a sua própria
plataforma.
Nos EUA os decodificadores já são equipados com controles
remoto capazes de reconhecimento de voz, com o qual é possível falar o que você
gostaria de assistir e ser direcionado para o canal que está transmitindo
aquilo. Quer ver um jogo de basquete? Basta falar. Isso, claro, além da
integração com serviços de streaming.
Modelo de TV por assinatura
Se pararmos para pensar, o modelo de TV por assinatura se
manteve inalterado por muitos anos, o que fez com que ele parecesse defasado. O
mercado do streaming se aproveitou desse cenário para começar a ganhar
popularidade; afinal de contas, quem quer esperar até 22h15 para ver algum
filme numa quinta-feira quando você pode acessá-lo quando você quiser na
Netflix ou alguma plataforma similar? Além disso, ninguém quer ter que assinar
um monte de canais para ter acesso a alguns que contem com o conteúdo que eles
realmente querem assistir.
No entanto, o próprio mercado de streaming está mudando e
ficando complicado. Se há alguns anos a Netflix era a única plataforma do tipo,
hoje já temos Amazon Prime Video, Globoplay, HBO Go… isso no Brasil. Lá fora
ainda existem serviços como Hulu, Showtime, e ainda estão por vir o Disney+ e o
Apple TV+. Com tantos serviços, não seria uma boa se todos eles se juntassem em
uma única assinatura, cobrada em uma única fatura? Talvez com faixas de preços
mais baixas para quem quiser só alguns dos serviços?
Sim, curiosamente, a pulverização do conteúdo em múltiplas
plataformas de streaming, resultado de empresas percebendo que era mais
lucrativo criar plataformas próprias do que ceder os direitos de seu conteúdo
para a Netflix, pode dar origem a uma nova era da “TV” por assinatura. E faria
todo sentido do mundo se esse produto que une vários serviços começasse a sair
do papel em poucos anos.
Neste sentido, as operadoras de TV por assinatura contam com
uma vantagem em relação a outras empresas que queiram oferecer uma proposta
similar de reunir vários serviços de streaming em uma única assinatura: essas
empresas, em várias partes do mundo, também são operadoras de internet, que é
um item fundamental no consumo de vídeo por streaming. Seriam múltiplos
serviços em um só pacotão.
E não é como se a TV paga tenha parado totalmente no tempo.
Se no passado uma das limitações mais chatas era o fato de precisar seguir a
programação dos canais e limitar-se a reproduzir o conteúdo na TV, hoje
basicamente qualquer operadora conta com seus próprios serviços de filmes e
séries on-demand, incluídos no preço da sua assinatura. As credenciais também,
em muitos casos, permitem acessar aplicativos de streaming de canais.
Existem bons motivos para deixar de lado a TV por
assinatura, mas no fim das contas o que conta é disponibilidade de conteúdo e
conveniência, e não o formato como ele chega até as suas telas. O boom dos
serviços de streaming pode ter feito as operadoras de TV paga perceberem isso,
e existe uma possibilidade de que elas estejam se preparando para estarem bem
posicionadas para um novo momento em que o streaming não seja mais um inimigo,
mas sim um aliado.
Fonte: Olhar Digital
Texto e imagem reproduzidos do site: cadernomercado.com.br
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