Publicado por f5.folha, em 17 de janeiro de 2014.
Um em cada três assinantes de TV paga só vê a Globo
Por Ricardo Feltrin.
Ao menos 6 milhões dos cerca de 18 milhões de assinantes da
TV paga no Brasil pode estar desperdiçando seu suado dinheirinho todos os
meses.
São 6 milhões de assinantes que pagam pacotes mensais que
podem custar de R$ 50,00 a R$ 200, dependendo do número de canais que optaram
em receber.
Mesmo tanta variedade não é capaz de de salvar essas pessoas
de seu vício mais arraigado: não conseguir tirar os olhos da Globo.
É isso mesmo, leitores. Um terço dos assinantes da TV paga
(33%) nunca, jamais, em hipótese alguma tira da TV Globo. As centenas de outros
canais pagos, sejam científicos, educacionais, infantis, de filmes, séries,
ação, conspiratórios etc. ficam jogados às traças.
ELEMENTAR, MEU CARO WATSON
Há várias teses para que esse fenômeno de adicção globífera
aconteça, mas nenhuma delas cita a qualidade da programação da emissora
(acontece que não há essa qualidade alardeada).
PRIMEIRA TESE
A primeira tese fala pura e simplesmente em hábito do
telespectador. Por mais de 40 anos as famílias se acostumaram à estrutura
ordeira da programação da Globo. O telespectador sabe que ali nunca haverá
surpresas. Ligou de tarde? Tá passando filme ou "Vale a Pena Ver de
Novo". Ligou à meia-noite? Deve estar passando o Jô. Ah, ligou pela manhã?
Então é Ana Maria Braga ou Fátima.
SEGUNDA TESE
A segunda hipótese para que o telespectador permaneça
grudado na tela, a despeito de existirem tantos outros canais é o interesse em
melhorar a qualidade do sinal. O assinante decide pegar alguma operadora de TV
paga somente porque quer ver maior qualidade em seu aparelho. O problema é que
junto com o cabo ou onda de satélite vêm um outro sem-número de canais, muitos
interessantes. Mas essas pessoas só estão interessadas mesmo é na faixa de
novelas.
TERCEIRA TESE
Sabe-se que as classes C e D foram duas das que mais fizeram
pacotes de TV por assinatura desde 2008. Nesse caso, em parte, a força
estimuladora para que uma família pobre ou necessitada tire da boca para pagar
um pacote basiquinho de TV por assinatura é bem mais compreensível e humano: o
vizinho, que é mais pobre ainda, exibe orgulhoso sua antena de TV paga, virada
para o norte, no topo de sua casa. Eu também quero uma, diz a família que não a
tem.
Texto reproduzido do site: f5.folha.uol.com.br/
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